A Copa do Brasil já iniciou e com ela uma novidade. A punição aos clubes em caso de racismo no futebol brasileiro. O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues, primeiro negro a comandar a instituição, fez questão de colocar no Regulamento Geral de Competições de 2023 as mudanças. No Pará, Remo e Paysandu comentaram o assunto.
A CBF considera de extrema gravidade atos racistas de cunho discriminatório, seja os atos vindos de dirigentes, representantes dos clubes, técnicos, jogadores, membros da comissão técnica, além de torcedores e arbitragem. A punição será imposta pela própria CBF e posteriormente encaminhada ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), que julgará a aplicação de perde de pontos ao clube que cometeu a infração. Outro ponto são as análises de súmulas, que serão encaminhadas ao Ministério Público e Polícia Civil, saindo esfera esportiva e que as pessoas sejam punidas por seus atos, já que o presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou uma lei equipara o crime de injúria racial ao racismo, prática que agora é inafiançável e imprescritível, além de penas mais rígidas para crimes que ocorram em eventos culturais e esportivos no Brasil.
O Remo, primeiro clube paraense a participar de uma competição nacional, já com mudança realizada pela CBF, aprovou as medidas. O presidente do Leão Azul, Fábio Bentes, encara a situação como uma conquista e acredita nas mudanças e punições para casos de racismo no futebol.
Relembre alguns casos de racismo envolvendo Remo e Paysandu
Em 2019, na Série C do Brasileiro, o Remo enfrentou o Juventude-RS, no Estádio Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul (RS), o atacante do clube paraense, Emerson Carioca, afirmou ter sido chamado de “macaco”, por torcedores. Nada foi feito.
No Indepêndência, em Belo Horizonte (MG)
Em 2021, pela Série B do Campeonato Brasileiro, o Remo venceu o Cruzeiro-MG por 3 a 1, no Estádio Independência e o atacante Jefferson, do clube paraense, foi chamado de “macaco” por torcedores do Cruzeiro, após marcar um dos gols do triunfo azulino. O clube formalizou a queixa à CBF, o caso foi para o STJD, que aplicou uma perda de mando e uma multa de R$50 mil ao clube mineiro, porém, o Cruzeiro recorreu e conseguiu derrubar a decisão.
No Ceju, em Belém
O Paysandu também passou por uma situação de racismo. A jogadora Silmara, foi chamada de “macaca”, após o clássico Re-Pa, disputado no Ceju, em Belém, no mês de outubro do ano passado pelo Parazão feminino. De acordo com o Paysandu, um homem vestido com a camisa do Remo gritou “Essa 9, essa macaca nem faz gol”. A jogadora ouviu e teve uma crise de choro, foi e foi amparada por outras atletas. O Remo lamentou o caso e afirmou não compactuar com essa situação. Ninguém foi punido.
Leão Azul
O Remo é bem ativo nas redes sociais em relação ao racismo. O clube vem lançando camisas em alusão ao mês da Consciência Negra, além de ser bem incisivo nas campanhas nas redes sociais. Em 2020 o clube lançou uma camisa com a frase: “Se você é racista, não seja remista”. O material foi feito pela marca própria “Rei” e também fez parte da campanha de alusão ao mês da Consciência Negra.
Papão da Curuzu
O Paysandu também trata o assunto de forma séria. O clube fez um mural na fachada do Estádio da Curuzu, chamado “Vidas negas importam”. O mural possui desenhos de atletas que passaram pelo clube bicolor de várias modalidades, além de torcedores e artistas, como o músico Pelé do Manifesto, que teve seu rosto no local.
Fonte: Oliberal