Nesta sexta-feira, o Pará comemora o seu tradicional “Dia da Adesão à Independência do Brasil”, feriado estadual que relembra um dos episódios mais marcantes da história paraense. Há exatos 202 anos, em 15 de agosto de 1823, autoridades locais formalizaram a adesão da Província do Grão-Pará ao Brasil Independente, marcando o fim da resistência às Cortes de Lisboa e selando a integração da região ao novo país.
Participe do nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram
Um histórico de esperas e tensões
Após a Proclamação da Independência, em 7 de setembro de 1822, o Pará permaneceu leal à Coroa portuguesa por quase um ano, destacando-se como a última província a aderir ao novo império. Essa resistência tinha raízes profundas: Belém mantinha fortes vínculos comerciais, administrativos e religiosos com Portugal, e muitos cargos eram ocupados por portugueses ou seus aliados locais.
O blefe que mudou o destino da província
Para forçar a adesão, Dom Pedro I enviou ao Pará o almirante inglês John Pascoe Grenfell, que apresentou uma ameaça (posteriormente considerada um blefe) de que uma esquadra estava posicionada em Salinas, pronta para isolar Belém. A estratégia surtiu efeito. A assembleia realizada no Palácio Lauro Sodré, sede oficial da colônia portuguesa à época, assinou o documento de adesão em 15 de agosto de 1823.
As consequências: do Brigue Palhaço à Cabanagem
A adesão não foi pacífica. Três meses depois, eclodiu uma revolta em Belém que resultou na tragédia do Brigue Palhaço: cerca de 256 revolucionários foram asfixiados ou mortos no porão do navio São José Diligente. Esse massacre fomentou o surgimento de um sentimento de identidade local e serviu como prelúdio para a Cabanagem (1835–1840), um dos maiores levantes populares da história brasileira.
Reflexão e identidade
Segundo a pesquisadora Magda Ricci, da UFPA, a adesão do Pará foi o primeiro passo na construção de uma identidade nacional entre os paraenses, embora permanecessem fortes vínculos com Portugal por algum tempo. Figuras como Leonardo Torii, diretor do Arquivo Público do Pará, reforçam que a adesão tardia foi motivada por uma elite local vinculada à Coroa, comercialmente e politicamente.
Comemoração em 2025
No contexto atual, a data segue sendo lembrada como um momento de reflexão histórica. Instituições como o Arquivo Público do Estado do Pará promovem, tradicionalmente, exposições, palestras e oficinas para aprofundar o entendimento sobre esse capítulo histórico. Este ano, espera-se nova programação cultural e educativa para marcar os 202 anos do evento.
*É proibida a reprodução deste conteúdo
Fonte: Diário do Caeté