Esta semana, dois estudos mostraram que o Pará têm saído do mapa da violência, tanto nacional, quanto internacional. A ONG mexicana “Segurança, Justiça e Paz” revelou que nenhuma cidade paraense está entre as 50 mais violentas do mundo; e um levantamento nacional do Monitor da Violência mostra que o Pará tem cinco cidades entre as que mais apresentam redução consecutiva de criminalidade, em todo o Brasil, desde 2018 . O secretário de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup), Ualame Machado, explica fatores que colaboraram para este cenário.
Qual município paraense se destaca na saída do ranking das cidades mais violentas do mundo?
O ranking analisa todas as cidades que tem mais de 300 mil habitantes. Infelizmente, em 2017, Belém figurou na 10ª posição e em 2018 na 12ª. Mas, desde 2020, a gente tem conseguido tirar e manter Belém fora dessa lista, assim como outros municípios do Pará que têm essa população: Santarém, Castanhal, Ananindeua etc. Nenhum município do Pará, hoje, figura na lista. Lembrando que esse ranking tem 10 cidades brasileiras e que a 50ª posição é uma cidade que tem 29 mortes por 100 mil habitantes e Belém está numa faixa de 14.
O que causou essa melhora?
Integração. É muito mais do que a junção dos esforços. Por exemplo, o Detran se juntava com a PM para fazer uma operação, mas, muitas vezes, não era uma operação integrada, porque o Detran tinha uma base de dados formidáveis para a atividade policial, assim como a Seap, mas essa integração de dados não era um forte. A gente conseguiu fazer uma integração verdadeira das forças, pegando o que cada um tinha de melhor, de modo que todo mundo soubesse de como determinada força poderia colaborar nas operações. A segunda estratégia foi a presença de policiais nas ruas – a ‘Polícia Mais Forte’. No começo, antes do aumento de efetivo, passamos a pagar a jornada extraordinária para que os policiais pudessem fazer o policiamento nos horários em que a estatística demonstrava maior criminalidade. Além disso, uma repressão qualificada da Polícia Civil sobre, por exemplo, o tráfico de drogas, pegando as lideranças do crime organizado, não só os executores. A última estratégia foi o fortalecimento do sistema penitenciário. Não há dúvidas de que a gente já passou daquele tempo de grandes fugas de presídios, tentativas de resgates, rebeliões. A gente tem realmente o controle da cadeia no Pará.
Qual a meta para este e os próximos anos?
Fazer em todo o estado o que a gente fez na Região Metropolitana. O estado já avançou bastante no interior, desde 2022, com o projeto ‘Segurança Por Todo o Pará’, levando as estratégias da RBM para o interior, mas buscando conversar com as peculiaridades de cada região, porque o crime que repercute no Marajó, não é o mesmo do sul do Pará, ou do oeste do Pará. Nós levamos a estratégias de segurança, mas considerando as decisões com os gestores regionais. Esse projeto já surtiu efeito, tanto que 2022 foi o nosso melhor ano na linha histórica e a gente caminha em 2023 já com uma redução acima de 15% dos crimes violentos, em comparação com janeiro e fevereiro de 2022, que foi o nosso melhor ano.
Como está o mapa do crime no Estado?
Existe uma regionalização, mas ela não é tão delimitada assim. Tem regiões que têm garimpo ilegal, outras invasão de terra, no Marajó, por exemplo, tem o furto de búfalo, no oeste, os crimes ambientais, na região nordeste tinha o roubo a banco, mas que nós, felizmente, já conseguimos superar. A estatística de roubo a banco na região, até 2018, mostrava de 20 a 30 ocorrências na modalidade ‘novo cangaço’, que sitia a cidade e faz um roubo que impacta toda a população. Nós passamos dois anos sem ter esse tipo de ocorrência. A última que aconteceu, teve uma resposta efetiva, com todos presos, armamentos apreendidos. Então são preocupações que já foram muito grandes, mas, hoje, nós não temos nenhuma estatística desse tipo de atividade criminosa no Pará.
Como o cenário positivo influencia as estratégias?
O Monitor da Violência atestou que o Pará foi o estado que mais reduziu a taxa de mortalidade por cem mil habitantes. Hoje nós temos uma taxa de 25, que é 21 pontos a menos de onde estávamos. Com isso, conseguimos focar em crimes que antes ficavam em outros planos, porque a segurança estava ocupada com as mortes em série. Hoje, conseguimos trabalhar de forma inteligente também o tráfico de drogas, focando nos grandes traficantes. Conseguimos prender todas as lideranças que estavam no Estado, além das no Rio de Janeiro e Santa Catarina. As únicas lideranças que ainda estão soltas, e com mandado de prisão já decretados, estão escondidas em outros estados, porque elas sabem que no estado do Pará elas não conseguem se esconder.
Fonte: Oliberal