“Cidade Invisível”, a série brasileira que mistura suspense e fantasia, libera hoje, 22, a segunda temporada, na Netflix. Com cenas no Pará, ela mostra seres como a ‘Mula sem cabeça’ e ‘Matinta Perera’, personagens nortistas do folclore brasileiro. Algumas cenas gravadas no Ver-o-Peso, Ilha do Combú e Igarapé-Açu, outras foram feitas em São Paulo.
As histórias, já conhecidas pelos paraenses, se desenrolam desde a primeira temporada. Agora, vemos Simone Spoladore como ‘Mula sem cabeça’ e Letícia Spiller como ‘Matinta Pereira’. Lendas e figuras que crescem no imaginário das crianças nortidas como caboclas amazônicas, são retratadas por atrizes já conhecidas. Nestes episódios, as lendas são vistas de forma mais humana, com dores e medos reais, o que afasta a ideia de seres que trazem medo.
“É muito interessante quando a gente aprofunda e entende isso, acho que o grande barato dessa série é trazer esse questionamento, da regionalidade, da curiosidade, que existem, por exemplo o que tem em Belém, que não se conhece muito em São Paulo. Alcançando vários países e mostrando a nossa cultura, história, tradições e ancestralidades é uma das coisas mais bonitas, isso que a série pode oferecer, o nosso objetivo com ela é sempre fazer uma homenagem. Sobre as entidades, acho que elas estão sempre relacionadas à natureza, ao meu ver, é além do bem e do mal”, disse Marco Pigossi, que vive Eric, o personagem principal de ‘Cidade Invisível’.
Após dois anos a série retorna, e nesta temporada, Luna (Manu Dieguez), vem em busca do seu pai ao Pará. Entre muitas histórias contadas temos a de Bento (Tomás de França), o Lobisomem. Josué, o pai do menino, é interpretado pelo paraense Adriano Barroso.
“O personagem conta uma historinha. Como todo mundo sabe da lenda do Lobisomem, ele é pai de seis meninas e um rapaz, que nasce com essa história de virar lobisomem”, explica.
“Trabalhar com a Gilda Nomacce (mãe de Bento), foi incrível, acho ela o máximo, maravilhosa. Ela é a minha esposa, a gente fez uma duplinha muito legal, ela joga muito bem. A gente gravou em São Paulo, onde foi recriada uma casa local, em um estúdio”, relembra.
A gravação em Belém rendeu figuração para os atores locais. Mesmo com humanização que é contada a história das lendas locais, não vemos nenhum artista paraense com destaque na série, além de Adriano. O elenco é composto por: Marco Pigossi, Alessandra Negrini, Manu Dieguez, Letícia Spiller, Simone Spoladore, Zahy Tentehar, Kay Sara, Julia Konrad, Rodrigo dos Santos, Tatsu Carvalho, Marcos de Andrade, Mestre Sebá, Ermelinda Yepario e Tomás de França.
“Durante todo esse tempo nós ainda somos vistos, nós da Amazônia, só como um cenário para outras produções, outras pessoas que vem contar nossas histórias. A gente aqui precisa se entender, se respeitar e se reconhecer como grandes produtores, grandes pensadores. Falta o empresariado entender que a cultura, fala sobre o teu lugar, a tua autoestima de estar nesse lugar. A gente ainda sofre bastante sobre essa relação de fazer filmes de outros, geralmente do Sul e Sudeste, que vai encontrar nossas histórias aqui. Mas é um caminho que estamos percorrendo”, disse.
A primeira temporada de “Cidade Invisível” foi vista em mais de 180 países, a expectativa é que agora esse número aumente. Ela esteve no Top 10 de séries em países como França, Portugal, Estados Unidos, Nova Zelândia e México.
“É uma produção nacional que conta as histórias para o mundo, é importante entender. Quando outras pessoas escutam a história errada, elas acreditam e a gente passa décadas para dizer que não funciona assim. Nós estamos nesse caminho lentamente. Eu vejo uma loura dos olhos azuis fazendo um personagem que na lógica é uma cabocla, a Matinta é isso, veio deste lugar, fica confuso na cabeça dessas novas gerações de entender que a Matinta Perera não tem essa relação. Nós da Amazônia, precisamos nos ver na tela”, questiona Adriano.
“Assim como eles foram criticados na primeira temporada, a gente do Norte, nós da Amazônia temos que dizer: nós temos caboclas lindas, ótimas atrizes e que podiam fazer muito bem. Mas não tem essa amplitude de chamar público. Então, talvez a escalação seja muito por quem está na mídia, de quem chama o público”, finaliza.
DOM
No ar como Ezequiel, em Dom, da Prime Vídeo, Adriano Barroso dá vida a um traficante. Os primeiros episódios já podem ser conferidos no streaming. “Eu tenho um carinho muito especial por ele. Dessa vez se trata do tráfico de drogas e madeiras, o embate com os indígenas. Tem uma subtrama”, explica.
As gravações ocorrem ainda na pandemia, em um local chamado Cabeça do Cachorro, no estado do Amazonas. A região faz fronteira com a Colômbia e Venezuela.