O Pará tem dois grandes polos cítricos. Um no município de Capitão Poço, na região nordeste, que abrange os municípios de Garrafão do Norte, Ourém, Irituia e Nova Esperança do Piriá; e outro em Monte Alegre, no oeste paraense, que engloba Alenquer, Prainha e Mojuí dos Campos. Os dois polos são reconhecidos como áreas livres do cancro cítrico.
Alain Xavier, supervisor regional da Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural) Médio Amazonas, em Monte Alegre, afirma que, nos últimos 10 anos, houve um boom do limão no município.
“A Emater começou a atuação primeiramente com a formação dos técnicos na área. Então, em 2013, fizemos um grande dia de campo, uma metodologia que mostra, em um dia, todas as fases de uma cultura para o produtor, na prática, desde a produção da muda até colheita e comercialização. Hoje, a cultura do limão é uma das duas atividades agropecuárias mais importantes de Monte Alegre e região, junto com a bovinocultura de corte”, diz Alain Xavier.
De acordo com a Emater, hoje, são quase mil produtores de limão em Monte Alegre, que produz em torno de 106 mil toneladas de limão ao ano. Já Alenquer conta com cerca de 700 produtores, mas a área plantada é bem menor.
Atividade sustentável
Alain explica que um dos atrativos do limão taiti de Monte Alegre e Alenquer é que é um limão da Amazônia, produzido por produtores familiares, em áreas que estavam degradadas, abertas anteriormente para bovinocultura de corte. Então, a atividade tem um apelo de sustentabilidade. Não precisa abrir novas áreas.
“A cultura do limão em Monte Alegre é ambientalmente e socialmente sustentável, o que gerou grande e rápida ascensão social aos produtores e expansão das suas atividades. Os principais mercados consumidores do Limão Taiti da região são os estados do Amazonas, que consome aproximadamente 85% da produção, Amapá, com consumo de 5%, e Maranhão, Mato Grosso e Belém, que somam os outros 10%”, detalha o supervisor regional da Emater.
O cultivo do Limão Taiti representa algo em torno de 20 % a 25% do PIB municipal, gerando mais de mil empregos diretos e 1,5 mil indiretos a uma estimativa de renda obtida equivalente a quase R$ 50 milhões.
Cabe ressaltar que 90% são agricultores familiares, base do público da Emater, e as ações de atendimento são bastante diversificadas, como a elaboração de projetos de crédito, fomento de mudas, práticas de assistência técnica e extensão rural, produção de mudas, manejo em geral da atividade, orientações sobre mercado e comercialização além de levantamentos periódicos da produção.
Geraldo Tavares, gerente de Fruticultura da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e Pesca (Sedap) afirma que o destaque dos municípios foi conseguido com o apoio da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará).
“Como não temos essas moléstias no estado, isso estimula que investimentos sejam feitos na área, já que o controle dessas doenças é muito caro. São Paulo, por exemplo, já teve que erradicar seis milhões de pés de laranja para controlar esse tipo de doença, e mesmo assim não conseguiu. Temos aqui uma importante indústria de suco de citros, em Capitão Poço, com capacidade de oito mil toneladas do produto por mês. Hoje exportamos suco de laranja, por conta dessas facilidades, e também por conta das condições edafoclimáticas favoráveis. Isso tudo é fruto do trabalho desenvolvido pelo governo do Estado”, afirma.
O gerente da Sedap informa que o governo estadual tem um projeto no polo de Capitão Poço chamado “Inovação Tecnológica da Citricultura”, que promove a formação de mão de obra qualificada para a produção de mudas cítricas em ambiente protegido, ou seja, com tela, proteção de plástico e mantendo a planta fora do solo, em bancadas, conforme exige a legislação atual.
“O governo já está com um investimento de cerca de R$ 2 milhões, nesse projeto, que vai beneficiar 100 famílias, ainda esse ano. É um projeto modelo que vai servir para outras regiões do Pará. Esse é um projeto da Sedap que vem sendo construído há três anos e conta com uma estrutura muito grande, com estufas. O projeto será lançado esse ano e produzirá cerca de 200 mil mudas de laranja, limão e tangerina por ano”, detalha Geraldo Tavares, da Sedap.
Rafael Haber é fiscal agropecuário e gerente de Defesa Vegetal da Adepará, e explica que o trabalho realizado inclui levantamento de detecção de pragas quarentenárias, como o cancro cítrico, a pinta preta e o greening.
“Temos duas áreas livres dessas pragas, nossos dois pólos cítricos, que por isso podem exportar as frutas in natura. Quando a gente detecta qualquer tipo de foco de praga, a gente faz a erradicação do foco. Em paralelo, temos barreiras fitossanitárias, que protegem o nosso estado da entrada de mudas ou frutas contaminadas. A gente pede que o produtor rural nos procure se houver qualquer suspeita de uma praga diferente ou que esteja trazendo um grande prejuízo, porque pode ser uma praga quarentenária. Esse trabalho da Adepará é muito importante para o mercado das frutas”, estimula.
Fonte: Agência Pará