Em uma ação conjunta entre a Polícia Federal (PF) e a Polícia Científica do Pará, os nove corpos encontrados em uma embarcação à deriva na costa de Bragança, no último sábado (13), foram submetidos a um rigoroso processo de exame na tarde de ontem (17). A equipe multidisciplinar, composta por mais de 30 especialistas, seguiu os protocolos internacionais da Interpol para identificação de vítimas em desastres, buscando garantir a máxima precisão no processo.
O exame dos corpos seguiu uma sequência meticulosa, dividindo-se em seis etapas:
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Exame radiológico: Imagens de raio-x foram capturadas para identificar possíveis fraturas, ossos danificados ou outros elementos que auxiliem na investigação.
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Análise de vestes, pertences, documentos e adereços: Cada item encontrado na embarcação e junto aos corpos foi cuidadosamente examinado em busca de pistas sobre a identidade das vítimas, como nacionalidade, profissão ou possíveis destinos. Documentos, como passaportes ou carteiras de identidade, foram procurados e analisados minuciosamente.
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Exame médico-legal: Um exame completo foi realizado por médicos legistas, coletando material biológico para exames de DNA e de isótopos estáveis. Essas análises visam determinar a identidade genética das vítimas, além de traçar a origem geográfica e outros dados relevantes.
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Exame odontolegal: Dentistas forenses realizaram a análise das arcadas dentárias dos corpos, buscando características únicas que possam auxiliar na identificação através de comparativos com prontuários odontológicos.
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Exame necropapiloscópico: As digitais das vítimas foram coletadas e minuciosamente analisadas, cruzando-as com bancos de dados nacionais e internacionais para verificar possíveis coincidências.
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Estação de verificação de documentos e controle de qualidade: Uma equipe especializada verificou a autenticidade de todos os documentos encontrados, buscando identificar possíveis falsificações ou adulterações. Além disso, um rigoroso controle de qualidade foi realizado em todas as etapas do processo para garantir a confiabilidade dos resultados.
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Os dados coletados durante os exames foram enviados para o Instituto Nacional de Criminalística e o Instituto Nacional de Identificação da Polícia Federal em Brasília, onde o processo de identificação terá continuidade. A Interpol e outros organismos internacionais também estão colaborando com a investigação, utilizando seus bancos de dados e expertise para auxiliar na busca por pistas.
Devido à complexa natureza da migração irregular por via marítima, especialmente a partir de países africanos, onde milhares de pessoas desaparecem sem deixar rastros e dados técnicos estruturados são escassos, a Polícia Federal não estima um prazo para a conclusão da identificação dos nove corpos. No entanto, a equipe garante que todos os esforços estão sendo empregados para que a identidade das vítimas seja estabelecida o mais breve possível.
Enquanto aguardam a identificação, os corpos serão temporariamente sepultados em Belém. Assim que suas identidades forem confirmadas e as famílias notificadas, as autoridades seguirão os protocolos internacionais de cooperação policial e jurídica para repatriar os restos mortais ou atender às vontades das famílias.
O exame dos celulares encontrados na embarcação também está em andamento. Os 27 aparelhos apreendidos estão sendo periciados no Instituto Nacional de Criminalística, buscando extrair informações como mensagens, contatos e histórico de navegação que possam auxiliar na investigação. A cooperação internacional será crucial para analisar os chips e cartões de memória dos celulares, buscando pistas sobre a identidade dos ocupantes da embarcação e a rota que ela seguia.
A Polícia Federal reitera seu compromisso em desvendar este caso e auxiliar na identificação das vítimas, utilizando todas as ferramentas e recursos disponíveis. A investigação segue em andamento, e novas informações serão divulgadas à medida que o processo avançar.
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Fonte: Diário do Caeté