A Secretaria de Estado de Educação (Seduc) informa que, até a terça-feira (28), 65.272 alunos estão matriculados na modalidade EJA (Educação de Jovens e Adultos), sendo 11.753 no EJA Fundamental e 53.519, no EJA Médio. Com relação aos novos alunos, a Seduc informa que são esperados cerca de 68 mil estudantes para 2023.
Essa demanda pela EJA da parte de pessoas com uma certa idade no Estado insere-se no contexto de que, segundo o Censo Escolar 2022, no Brasil existem 900 mil pessoas com mais de 40 anos nas escolas em busca de alfabetização. Muitas delas enfrentam dificuldades e preconceitos, como o “etarismo” (discriminação por faixa etária). No caso paraense, a oferta do ensino para pessoas adultas na EJA, intencionadas a concluir o Ensino Médio, se propõe a vencer essas dificuldades e preconceito.
Um exemplo dessa ação ocorre na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Marechal Cordeiro de Farias, entregue pelo Governo do Pará em 2021. O turno da noite recebe alunos regularmente matriculados na EJA. Um deles é Ueslei Guedes, 20 anos, que cursa o 3º ano do Ensino Médio.
Ueslei conta que parou de estudar por dois anos. Sua mãe orientou que ele buscasse a Escola Cordeiro de Farias, onde ela mesma já havia estudado. “Souberam acolher; é um pouco difícil no começo, mas depois dá tudo certo; entrei aqui há três anos, e quando terminar quero fazer o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), mas ainda não sei que curso quero fazer”, destaca o jovem.
Ele faz estágio na Fundação de Atendimento Socioeducativo do Pará (Fasepa). “Todos aqui são muito atenciosos; vale a pena; os professores são bem legais, explicam bem”, diz.
Buscar conhecimento
A manicure Maria Eliene Vieira da Silva, 48 anos, cursa o 8º e 9º ano depois de um período de 25 anos longe das salas de aula. O sonho dela é ingressar em uma faculdade e ser aprovada em concurso público.
“Buscar conhecimento é muito bom; casei muito jovem; a volta é um pouco difícil, porque hoje a escola é totalmente diferente do que era quando eu parei, mas os professores são muito parceiros, dizem para a gente não desistir; e não é fácil; eu tenho emprego, tomo conta de casa e estudo à noite. minha vida é bem corrida, mas nunca é tarde; a gente tem que buscar, eu tenho que determinar o que quero e vou conseguir”, garante.
Encontro de gerações
Como destaca Henrique Soares, vice-diretor da unidade educacional, o EJA hoje vive um processo de “juvenização”, acolhendo não só adultos e idosos, mas jovens fora da faixa etária do ensino regular.
O gestor ressalta que é muito comum ter alunos como Ueslei e Maria Eliene por vezes na mesma sala, e que por isso o “choque de gerações” também é previsto e trabalhado dentro do planejamento pedagógico da EJA. “Esses jovens estão em maior número aqui na escola hoje, mas também atendemos senhores e senhoras que vêm com todo o gosto para estudar; a gente faz tudo para manter o entusiasmo deles pelos estudos”, ressalta.
O número de alunos da Educação Para Jovens e Adultos vem aumentando nos últimos anos: saltou de 728.429, em 2012, para 900.222, em 2022, segundo o Censo Escolar, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Confira como se matricular na EJA:
– Para se matricular na EJA, o estudante precisa ir na escola que esteja oferecendo e se matricular direto na escola.
– Assim, os estudantes que perderam o prazo podem acessar o site da Seduc (https://www7.seduc.pa.gov.br/prematricula/?opcao=VagasEscola) ou ainda ligar na Central de Atendimento (0800.280.0078), de segunda a sexta-feira, das 08h às 17h, para verificar onde há vagas disponíveis.
Fonte: Oliberal