Este ano, a comunidade católica tem motivos de sobra para festejar, já que a Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré completará 100 anos do título basilical. Uma das razões para o reconhecimento, que ocorreu em 19 de julho de 1923, está na importância espiritual e histórica da igreja para a população do Estado do Pará, que tem a Virgem de Nazaré como padroeira.
Para comemorar esse acontecimento, no ano passado foi apresentado o selo dos 100 anos, que se inspira numa fusão do Glória, que neste caso representa Nossa Senhora de Nazaré, com o Brasão Oficial, símbolo agraciado pelo Vaticano apenas às igrejas católicas que possuem a posição de Basílica. No selo estão as escritas: “Deiparae Virgini Dicatum”, que se traduz: Dedicado à Virgem Maria.
Com o título de Basílica Menor, a terceira do Brasil, o templo é considerado um dos mais importantes do mundo. Do lado de dentro, pinturas, mosaicos e vitrais, que somados formam uma verdadeira obra de arte religiosa. O lugar é sinônimo de paz e refúgio, por isso atrai, todos os meses, milhares de pessoas que buscam uma maior proximidade com Deus e com a padroeira da Amazônia.
“Foi uma honraria dada pelo santo Papa Pio XI, em 1923, por reconhecer a magnitude, importância religiosa, o fluxo de pessoas que cultivam a devoção a Nossa Senhora de Nazaré, sendo que os Padres Barnabitas foram protagonistas nesta difusão da força mariana existente por aqui”, explicou o padre Francisco Maria Cavalcante, pároco da Paróquia Nossa Senhora de Nazaré do Desterro.
Vale destacar ainda a importância do padre Affonso Di Giorgio, que dedicou 26 anos de vida à igreja. “Foi o grande embelezador. Em sua gestão, ele recebeu a incumbência de embelezar a estrutura já edificada. Portanto, foi em seu mandato que colocaram os vitrais, os mármores, as imagens e outros elementos que hoje conhecemos e fazem parte do templo”, completou o padre.
Como foi pontuado pelo padre Francisco, a Basílica de Nazaré não receberia esse título e nem existiria se não fosse pelos padres Barnabitas Luiz Maria Zoja e Afonso Maria Di Giorgio, que juntos se destacaram na edificação do templo. Cada um desses sacerdotes contribuiu de maneira direta com a obra e voltaram todas as suas energias para que a casa da Mãe de Nazaré fosse erguida e concluída.
Os visitantes são muitos, diariamente. Cada um com sua história. “A nossa Basílica é bela, indescritível e a primeira coisa que chama atenção assim que entramos é o altar, pois reluz e aconchega”, declara a aposentada Ana Maria Freitas, 77 anos.
A admiração dos que visitam a Basílica Santuário é expressa no olhar atento aos detalhes que estão em todos os lugares, a começar da porta e terminar no altar. O estilo neoclássico desperta curiosidades e detalhes que são quase impossíveis ver em apenas numa visita, fazendo com que o retorno ao local seja quase sempre garantido pelos paraenses e turistas.
“Tenho muito orgulho de termos um dos templos mais belos e significativos do mundo, principalmente por ser a casa de Deus. Venho por aqui pelo menos uma vez na semana e todas as vezes que piso aqui a emoção já aperta o peito e a lágrima escorre. É como se a gente fosse abraçado pela Basílica, pelo amor que emana das paredes e pela presença de Nossa Senhora”, enfatiza Ana Maria.
A estrutura rica em detalhes coloca a Basílica entre as mais belas construções tombadas pelo Patrimônio Histórico do Pará, em 1992. Ao todo, são 62 metros de comprimento, 24 de largura e 20 de altura. Há ainda duas torres com 42 metros de altura e 36 colunas de granito maciço. Ainda 54 vitrais, 24 lampadários venezianos, um órgão com 1.100 tubos e 11 altares.
HISTÓRIAS
Eneida Oliveira Futagawa, 67, mora em Manaus, no Amazonas, e escolhe dois períodos do ano para vir à Belém com o único objetivo: visitar a Basílica de Nazaré. “Lá tem uma igreja, mas não é a mesma coisa. Eu amo esse sacrifício de vir de lá só para estar aqui. É como se eu pagasse uma promessa. Quando eu chego é como se eu respirasse a Nossa Senhora”, pontuou a assistente social.
Uma tradição: assim que entra vai caminhando de joelhos da porta ao altar da Basílica. “Eu sou muito católica, eu amo admirar essa beleza com todas as minhas forças. Então é o mínimo que eu posso fazer por Ela como forma de gratidão. Nada melhor do que estar na casa Dela, que é linda em todos os traços e por isso merece o reconhecimento no mundo”, diz.
Elogios também do casal Osny Macedo e Ana Paula Silva, 44 e 31, respectivamente. “Sempre que estou aqui por perto eu tenho que vir, pois tenho uma relação de amor com minha Mãe e com a casa dela. Sou fruto de um milagre, pois sobrevivi a um acidente depois que recebi um broche aqui na frente da Basílica, desde então nunca mais tirei”, descreve a secretária.
“Um certo dia, quando estava indo para a missa, uma moça colocou um broche da Nossa Senhora no meu peito. Em um determinado dia, sofri um acidente e quando fui ver, o broche estava intacto e eu sobrevivi. As pessoas precisam saber da energia boa e gostosa que este lugar emana e por isso que é conhecido mundo afora. Basílica é um lugar de milagres”, frisa Ana Paula.
Já o Diego Henrique de Jesus, 32, também tem muita história para contar. “Eu me casei na Basílica de Nazaré”, lembra. “Tem como esquecer desse momento mais do que especial na minha vida?”, pergunta. Outro detalhe é que o Diego também atua no processo de limpeza da Basílica, trabalho que ele carrega com orgulho por deixar o espaço sempre arrumado e limpo
para receber os visitantes.
“Nem vejo como um emprego, uma obrigação, mas sim como um ato de amor e de servir ao outro, a Nossa Senhora. Saiba que, nas comemorações do Centenário do Título Basilical eu estarei aqui, como participante e limpando para que a nossa igreja possa ficar linda, cheirosa e limpa para esse momento que é histórico não só para a estrutura em si, mas para todos que amam este lugar”, concluiu Diego.
Fonte: Dol