Município se destaca entre os principais exportadores paraenses de pescado e figura entre os que mais concentram empreendimentos formais ligados à cadeia produtiva, segundo dados do Boletim da Agropecuária 2024
A cultura alimentar do Pará, fortemente baseada no consumo de peixes, é um reflexo direto da diversidade e abundância do pescado na região amazônica. Essa relação histórica e econômica entre os rios e a mesa do paraense está detalhadamente retratada no Boletim da Agropecuária 2024, lançado pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa). O estudo apresenta um panorama da conjuntura econômica da pesca e aquicultura no estado, além de suprir a lacuna de dados nacionais sobre o setor pesqueiro.
Com a suspensão das divulgações de dados pelo Ibama e pelo Ministério da Pesca desde 2011, a produção extrativa ficou à margem das estatísticas oficiais, dificultando a formulação de políticas públicas para o setor. Diante disso, o boletim concentra-se na aquicultura — criação de peixes, moluscos e crustáceos —, cujos dados são registrados regularmente pelo IBGE.
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Segundo a Fapespa, a aquicultura paraense triplicou sua produção em uma década, saltando de 5,1 mil toneladas em 2013 para 16,3 mil toneladas em 2023, com crescimento médio anual de 15,7% — acima da média nacional. Essa evolução elevou a participação do Pará na produção aquícola brasileira de 1,1% para 2,1% no período.
O presidente da Fapespa, Marcel Botelho, destacou o papel do estado nesse avanço.
“O Pará tem um enorme potencial para pesca e aquicultura. A pesquisa mostra que estamos desenvolvendo esse potencial com ações de infraestrutura, financiamentos via Plambio e incentivo à inovação”, afirmou.
O município de Paragominas liderou a produção aquícola em 2023, com 3,3 mil toneladas, seguido por Marabá, Conceição do Araguaia, Altamira, Ipixuna do Pará, Uruará e outros. Ipixuna do Pará foi o destaque do ano, com crescimento de 100,7% na produção.
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O tambaqui segue como o peixe mais cultivado, respondendo por 56,8% da produção estadual (9,3 mil toneladas), seguido pelo híbrido tambacu/tambatinga (4,2 mil t) e pela tilápia (0,9 mil t). Ao todo, dez espécies concentraram mais de 98% da aquicultura paraense.
Para Márcio Ponte, diretor da pesquisa, o boletim é uma ferramenta estratégica.
“O Pará sempre teve vocação para o pescado, e o crescimento da aquicultura mostra o quanto podemos avançar com sustentabilidade. O setor contribui diretamente para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, especialmente o ODS 14: Vida Debaixo D’Água”, enfatizou.
Outro dado relevante é o avanço das exportações: o volume de pescado exportado pelo Pará saltou de 57 mil toneladas em 2000 para 59,8 mil toneladas em 2023, triplicando a participação nas exportações nacionais, de 6,6% para 16,1%. Belém lidera o ranking dos municípios exportadores, com 63,6% do total, seguido por Augusto Corrêa (17,2%) e Bragança (10,1%).
Entre os produtos mais exportados estão “peixes congelados (exceto filés)” e “pargo congelado”, que juntos representaram mais de 70% das exportações estaduais em 2023.
A pesquisa da Fapespa também detalha a estrutura econômica do setor. Em 2023, foram identificados 390 empreendimentos formais ligados à cadeia do pescado no estado — crescimento de 81,4% em relação a 2006. O comércio concentra 65% dos estabelecimentos, seguido pela agropecuária (23%) e indústria (12%).
Belém é novamente destaque, concentrando 138 empreendimentos (35,4% do total), seguida por municípios como Bragança, Vigia, Santarém, Ananindeua, Marabá, Altamira, Curuçá, Augusto Corrêa e Itaituba.
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Fonte: Diário do Caeté com informações da Ag. Pará