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‘Calá’ é preso por coação a testemunha; homem é suspeito de chefiar grupo de extermínio

O mandado de prisão preventivo foi cumprido nesta quinta-feira, 4, em Marituba na região metropolitana de Belém e teve como alvo José Roberto Costa de Sousa, conhecido como ‘Calá‘, que é acusado pelo crime de homicídio qualificado. As investigações apontaram, entre outras coisas, que ele chefiava um grupo de extermínio e também seria o responsável pela morte do radialista Jairo de Sousa, ocorrida em 2018, quando o profissional entrava na rádio em que trabalhava.

Calá é apontado como autor de vários homicídios ocorridos na região bragantina, sendo ainda investigado em outros inquéritos policiais pelos crimes de: homicídio qualificado; constituição de milícia privada ou grupo de extermínio e coação no curso do processo.

Segundo as investigações, Calá chefiava um grupo que realizava execuções na região de Bragança, sendo apontado também como o responsável por articular o assassinato do radialista Jairo de Sousa, em junho do ano de 2018.

A condução do Inquérito Policial ficou a cargo da Divisão de Homicídios e resultou no indiciamento de onze investigados, já denunciados pelo Ministério Público no bojo do processo de nº 0007126-83.2018.8.14.0009, em tramitação na Vara Criminal da Comarca de Bragança-PA.

A prisão foi imediatamente comunicada ao juízo que a determinou e, após ciência no mandado, o preso foi encaminhado à Central de Triagem da Marambaia, permanecendo à disposição da justiça.

Sobre a morte do radialista

O radialista Jairo de Sousa foi morto na madrugada do dia 21 de junho de 2018, executado com disparos de arma de fogo no momento em que chegava no prédio onde funcionava a Rádio Pérola, por volta de 5h.

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), em publicação feita à época do crime, descreve que Jairo de Sousa chegou à rádio, abriu o cadeado e passou pelo portão, colocando novamente o cadeado. Ele tinha subido apenas três dos 21 degraus da escada quando foi atingido por dois tiros que atingiram a lateral do abdome.

Segundo uma testemunha, o radialista ainda correu, mas não atingiu o topo da escada. Na parede e no chão ficaram as marcas de sangue feitas quando o radialista se desequilibrou e rolou alguns degraus. Ele ainda teve tempo de dar as chaves para os dois homens que o socorreram e abriram o cadeado. Foi levado para o Hospital Santo Antônio Maria Zaccaria, onde morreu. O assassino usou um revólver calibre 38.

Jairo de Sousa, radialista de Bragança.
Jairo de Sousa, radialista de Bragança. (Reprodução / Abraji)

Na madrugada do crime, havia um carro estacionado em uma rua próxima à entrada da rádio. Em um vídeo, o assassino sai do carro, caminha na direção do prédio onde fica a rádio e depois volta correndo para o veículo, onde estariam outros dois homens. A investigação chegou a identificar a existência de um segundo carro que ficou parado próximo ao portão que dá acesso a uma escada no antigo prédio sem elevador, onde a rádio estava instalada no quarto andar. Além de dar cobertura para o assassino, a função dos ocupantes do carro seria a de identificar o radialista.

O caso ficou sob responsabilidade da equipe do diretor da Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Pará à época, Fernando Bezerra, que recebeu os áudios dos últimos dois meses do programa de Jairo, onde ele cita pelo menos duas dezenas de pessoas ligadas às denúncias que costumava fazer sobre diversas irregularidades na região, como obras realizadas por empresas que pertencem a parentes de prefeitos e secretários, falta de merenda escolar, editais com licitações direcionadas e oferta de emprego feita por secretário a vereadores em troca de votos e apoio político.

Ainda segundo a Abraji, havia 12 anos que Jairo usava colete à prova de balas por conta das ameaças recebidas ao longo de sua carreira em emissoras de municípios vizinhos e em Bragança. Naquela madrugada, estava sem o colete.

 

Fonte: Diário do caeté – com informações de Oliberal

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