Belém (PA) — Em meio a tensões por acomodação e logística, o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, afirmou nesta sexta-feira (1º de agosto) que o evento será mantido em Belém e não será transferido para outra cidade. A decisão do governo federal, reforçada por decretos oficiais, reafirma: “não vamos nos mudar” .
Essa declaração ocorre após uma carta assinada por 25 países — incluindo Áustria, Canadá, Suécia e blocos como o LDC (países menos desenvolvidos) e o Grupo Africano — endereçada à ONU, em que se levantam críticas ao alto custo e à infraestrutura limitada da capital paraense. O documento também sugere a possível transferência parcial da COP caso as condições logísticas não sejam adequadas.
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Infraestrutura e oferta de hospedagem
Belém tem cerca de 18 mil leitos em hotéis, enquanto o Brasil prevê a participação de 45 mil pessoas no evento, gerando um descompasso entre capacidade e demanda. Em resposta, o governo brasileiro lançou uma plataforma de hospedagem destinada a 98 países em desenvolvimento e nações insulares, oferecendo diárias entre US$ 100 e US$ 220. Outra leva de 1.000 quartos será disponibilizada posteriormente, com valor de até US$ 600 por noite para demais delegações.
Apesar disso, críticos argumentam que até essas opções mais baratas ultrapassam os valores de subsistência da ONU, especialmente quando se considera que a diária padrão oferecida a países menos ricos pela entidade é de US$ 149.
Para compensar a falta de vagas, o Brasil também contratou dois navios de cruzeiro que oferecerão cerca de 6.000 camas, e planeja adaptar escolas e universidades para uso como hostel temporário.
Pressão internacional e reuniões de emergência
Em 29 de julho, o “COP Bureau” da ONU convocou uma reunião emergencial para avaliar a crise de acomodação e logísticas — e marcou uma nova prestação de contas por parte do Brasil para 11 de agosto. As preocupações vêm tanto de países em desenvolvimento quanto de nações ricas, que consideram reduzir suas delegações se não houver rapidez na resolução do problema.
Prazo para resposta
A organização do COP Bureau da ONU deu ao Brasil até 11 de agosto de 2025 para apresentar soluções concretas e detalhadas sobre acomodação, transporte, segurança e logística geral da conferência.
O diplomata Richard Muyungi, presidente do Grupo Africano de Negociadores, ressaltou que os países não estão dispostos a reduzir suas delegações e esperam que o Brasil formule respostas que garantam participação real de todos os envolvidos – não apenas solicitando limitação de contingentes.
Conclusão
A escolha de Belém como sede da COP30 representa um marco histórico ao colocar a Amazônia no centro do debate climático mundial. É uma decisão que valoriza a região e reforça a urgência de discutir o futuro do planeta a partir dos territórios mais impactados pelas mudanças ambientais.
Os desafios de infraestrutura e hospedagem que surgiram fazem parte do processo de preparação de um evento de escala global em uma cidade que, pela primeira vez, recebe uma conferência desse porte. O momento agora exige articulação e compromisso entre os governos, a organização da COP, o setor privado e a sociedade local para que soluções concretas e acessíveis sejam implementadas.
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Fonte: Diário do Caeté