Alberto Youssef, um dos principais delatores da Operação Lava Jato, foi preso nesta segunda-feira (20) na cidade de Itapoá, em Santa Catarina, por ordem do juiz federal Eduardo Appio, que assumiu a responsabilidade pelos processos da operação em Curitiba em fevereiro de 2023. A Polícia Federal tentou cumprir o mandado de prisão em um endereço fornecido por Youssef à Justiça, mas não encontrou ninguém no local. Youssef foi detido na praia da cidade e será levado para Joinville e de lá para Curitiba.
Na decisão que ordenou a prisão, o juiz Appio afirmou que Youssef não devolveu todos os valores obtidos ilegalmente e que sua condição de vida privilegiada é incompatível com as condenações já proferidas em matéria criminal. O ex-doleiro foi condenado a mais de 100 anos de prisão em processos abertos a partir das investigações do escândalo que ficou conhecido como Petrolão.
Juiz afirma que Youssef se tornou o personagem central da engrenagem
Foi a partir das relações entre Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, que a Lava Jato avançou sobre o esquema de corrupção na estatal. Segundo o juiz, Youssef se tornou o personagem central da engrenagem que permitiu o desvio de muitos milhões dos cofres públicos e das estatais. Um dos maiores doleiros do país, Youssef funcionava como caixa de propinas do esquema de corrupção que atingiu a Petrobras.
As empresas de papel que ele controlava, como MO Consultoria, GDF Investimentos, RCI Software e Construtora Rigidez, recebiam dinheiro de empreiteiras que integravam o cartel da estatal e repassavam os valores a políticos, seus operadores financeiros e ex-dirigentes da petroleira. Pelo acordo firmado com o Ministério Público Federal no âmbito da Lava Jato, Alberto Youssef teria suspensos todos os inquéritos e processos da operação contra si depois que as sentenças impostas a ele somassem 30 anos de prisão.
O ex-doleiro deixou a cadeia em novembro de 2016, quase três anos depois de ter sido preso pela Lava Jato, em um hotel de São Luís (MA). Ele usou tornozeleira eletrônica até 2017 e vivia em um apartamento na Vila Nova Conceição, bairro nobre de São Paulo. Esse foi o segundo acordo de colaboração firmado por Youssef com a Procuradoria-Geral da República. Em 2004, ele já havia fechado ajustamento semelhante no caso Banestado, mas descumpriu as cláusulas e teve o acordo anulado pela Justiça paranaense.
Fonte: Oliberal