Quase 100 homicídios registrados em áreas rurais do Pará nos últimos dez anos seguem sem que os responsáveis tenham sido punidos. Para enfrentar esse cenário alarmante de impunidade, o Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) lançou, na manhã desta segunda-feira (29), a Força-Tarefa Justiça em Homicídios decorrentes de conflitos agrários e outras questões no Campo.
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A iniciativa, apresentada oficialmente em entrevista coletiva na sede do MPPA, tem como principal objetivo identificar, analisar e acompanhar processos relacionados a assassinatos ligados a disputas por terra e outras questões fundiárias em todo o estado. A força-tarefa foi instituída por ato do procurador-geral de Justiça, Alexandre Tourinho, com base no artigo 18 da Lei Complementar Estadual nº 57/2006, que rege a atuação do órgão.
“Esses 94 homicídios foram os que já conseguimos identificar, mas temos muito mais. Desde junho, trabalhamos em silêncio com o apoio de movimentos sociais, que nos deram números e nomes de pessoas. Nossa expectativa é chegar a um número ainda maior, infelizmente”, declarou Tourinho, ao apresentar o levantamento inicial dos casos.
A força-tarefa atuará de forma articulada com promotores naturais dos casos, fornecendo suporte jurídico, técnico e investigativo. A meta é acelerar as apurações, romper o ciclo de impunidade e oferecer respostas concretas às famílias das vítimas — muitas delas lideranças comunitárias, defensores de direitos humanos e trabalhadores do campo assassinados por conflitos relacionados à posse da terra.
Impunidade no campo
O Pará é historicamente uma das regiões mais conflituosas do Brasil no que diz respeito a disputas por terra. Organizações de direitos humanos denunciam há décadas a violência sistemática contra lideranças rurais e trabalhadores sem-terra, muitas vezes sem que haja responsabilização dos autores.
O MPPA ainda deve divulgar, nas próximas semanas, a composição completa da força-tarefa e o cronograma das primeiras ações. A expectativa é que os primeiros relatórios de reanálise dos casos comecem a ser apresentados já no próximo mês.
Fonte: Diário do Caeté