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Pará tem áreas vulneráveis a processos erosivos, mas ações preventivas podem evitar desastres

O município de Abaetetuba, no nordeste paraense, foi palco de um deslizamento de terra no último domingo (26), às margens do rio Maratauíra. Até o último dia 1º de março a Defesa Civil Estadual, estimou que cerca de 350 pessoas foram atingidas pelo incidente. A nível nacional, moradores de São Sebastião, em São Paulo, também viveram deslizamentos e enxurradas na última semana. Em entrevista, a geóloga Aline Meiguins, professora e doutora, do Programa de Pós-Graduação em gestão de Risco e Desastres na Amazônia da Universidade Federal do Pará (PPGGRD-UFPA), detalhou medidas para prevenção de desastres, fatores responsáveis e a importância do monitoramento de áreas vulneráveis.

Quais são os indícios de que um deslizamento de terra pode ocorrer?

O principal indício é a inclinação gradual de diversas estruturas, como casas, torres, árvores e postes, além de fissuras paralelas no terreno. Estas devem ser acompanhadas por vistorias simples, realizadas de forma periódica, principalmente antes do período das chuvas, que devem ser monitoradas para efeito de identificação de feições que indicam movimentação do solo. Os principais estudos são a definição do perfil geológico-geotécnico da área e o indicativo dos grupos sociais mais vulneráveis.

É possível prever esses desastres?

As ações preventivas, neste caso, devem priorizar a segurança da população envolvida. Identificar a presença destas irregularidades é o ponto de partida para o processo de decisão. Isto significa que a prevenção pode estar desde a retirada das pessoas das regiões críticas, até a reabilitação de áreas, visando a manutenção da sua estabilidade. As vistorias podem ser de responsabilidade tanto da Defesa Civil do estado, quanto de agentes municipais capacitados para a sua realização.

O Pará tem regiões mais propícias para a ocorrência dos deslizamentos? Quais as características geográficas delas?

O estado do Pará tem uma expressiva malha hídrica que recobre todo o seu território, estas áreas são vulneráveis às ações dos processos erosivos, que fazem parte da dinâmica natural dos sistemas fluviais, que removem (erosão), transportam e depositam sedimentos, formando a grande diversidade de paisagens naturais dos ambientes amazônicos. As planícies de inundação (várzeas) têm igual destaque por serem ambientes dinâmicos, que respondem ao regime sazonal associado às chuvas; e onde existe influência das marés (como nas zonas costeiras).

Além de monitorar, o que pode ser feito pelas autoridades para evitar os incidentes?

Um exemplo é o uso do sistema de alerta das marés e o meteorológico, em que os dados podem ser cruzados com o alerta meteorológico de chuvas e/ou o de variação de nível (cota) dos rios (fluviométrico), para subsidiar o município para mobilização de agentes, para orientar a população, na iminência de ocorrência de um desastre. Ou mesmo, retirar as pessoas dos locais já previamente identificados como críticos, especialmente se a previsão for para o final de semana ou durante a noite.

Outro elemento importante é o posicionamento do Corpo de Bombeiros, para que este possa se mobilizar e estar preparado para atuar se o evento se manifestar; ou com agentes, acompanhando o aumento do nível dos rios e os possíveis elementos indicadores do terreno. Atualmente, o uso de drones tem ajudado a obter imagens em tempo real para verificação de ocorrências ou indicadores de risco.

 

Fonte: Oliberal

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