A Petrobras confirmou, por meio de nota, que recebeu, no último dia 10 de fevereiro, a licença da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) do Pará que faltava para realizar, em breve, o simulado que poderá dar início à exploração de petróleo na chamada Margem Equatorial brasileira, a qual se estende desde a costa do Estado do Amapá até o Rio Grande do Norte. Os investimentos previstos pela estatal nesse projeto são da ordem de US$ 2,9 bilhões. Segundo a companhia, a partir de agora, serão definidos “alguns pontos” com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para que os trabalhos sejam iniciados. “A data para a realização da Avaliação Pré-Operacional (APO) será definida em breve, junto ao IBAMA”, resumiu a empresa.
A Semas do Pará também confirmou, em nota, que emitiu a licença de operação do Centro de Recuperação e Despetrolização da Fauna (CRD), construído em Icoaraci, e que irá “monitorar o espaço”. Esse Centro será destinado ao atendimento dos animais que, porventura, possam vir a ser afetados em caso de algum acidente no momento da perfuração do chamado Poço Morpho, localizado a cerca de 175 quilômetros da costa do Amapá e a 2.880 metros de profundidade. Esse é o primeiro poço que deverá ser explorado pela Petrobras na região, caso o simulado aponte que é possível usufruir comercialmente do petróleo lá encontrado – caso a existência do mineral no poço seja atestada.
“Para se ter ideia, de cada dez poços perfurados no mundo, nove, em geral, são apontados como sub-comerciais, ou seja, não podem ser explorados comercialmente. Em outros, sequer se encontra petróleo. Muitas vezes, se acha apenas água ou CO2 (dióxido de carbono). De toda forma, acredita-se muito que a exploração de petróleo na chamada Margem Equatorial será possível, até porque outros poços já foram encontrados na região, em áreas pertencentes à Guiana, por exemplo, que tem crescido muito graças a essa atividade”, pondera o presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Roberto Ardenghy.
Segundo Ardenghy, o projeto de exploração de petróleo na Margem Equatorial é de fundamental importância para o Brasil, pois, as principais bacias hoje existentes no País – a de Campos, no Rio de Janeiro, e a de Santos, em São Paulo – já estão “maduras”, o que significa que a tendência natural é a produtividade delas cair. “É fundamental, agora, buscar a reposição das reservas petrolíferas e a perspectiva para a Margem Equatorial é muito positiva, visto que essas bacias estão muito próximas de sítios de ocorrência de petróleo já confirmados”, detalha.
Para o presidente do IBP, toda a preocupação ambiental em torno do simulado a ser realizado pela Petrobras é válida, mas, segundo ele, o Brasil é um país que realiza esse tipo de operação com segurança comprovada há muito tempo. “O Brasil produz, diariamente, cerca de três milhões de barris de petróleo e não há ocorrência de acidentes com frequência, então, podemos afirmar que é sim uma atividade segura”, pontua.
A previsão inicial da Petrobras era realizar o simulado em dezembro do ano passado, mas a falta da licença – emitida agora pela Semas do Pará – inviabilizou o processo. Essa autorização era necessária porque, mesmo que o poço a ser perfurado esteja localizado em outro Estado, no caso, o Amapá, o Pará sedia o Centro de Reabilitação e também contribuirá com a logística da operação.
Fonte: Oliberal