As taxas de cobertura vacinal contra a poliomielite e sarampo registraram baixa no Pará em 2022. Em todo o Estado, apenas mais de 60% das crianças que formam o público-alvo foram imunizadas, como detalham dados da Secretaria Estadual de Saúde (Sespa) divulgados nesta terça-feira (14). No caso da poliomielite, a meta era imunizar 132.937 crianças menores de 1 ano. Foram vacinadas apenas 85.526 crianças, representando 64,34% do público. Com relação ao sarampo, o objetivo inicial era vacinar 132.937 crianças de 12 meses. No total, apenas 88.380 foram imunizadas, o que equivale a 66,48% da meta.
Para 2023, a meta de imunização a nível estadual é vacinar 151.560 crianças de 12 meses contra o sarampo, sendo que, em janeiro, 181 foram imunizadas contra a doença (0,1% da meta). Com relação à poliomielite, a meta é imunizar 151.567 crianças menores de 1 ano em 2023. Em janeiro, o Pará registrou 831 vacinados (0,6% da meta).
Belém
Somente em Belém, nos anos de 2020 a 2021, o município não atingiu os indicadores de cobertura vacinal, conforme informou a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) nesta quarta-feira. Esse índice é preconizado pelo programa nacional de Imunizações PNI/MS que é de 95%. Na capital, as vacinas estão disponíveis nas Unidades de Saúde do município de segunda a sexta-feira. Para seguir com a imunização, é necessário apresentar os seguintes documentos no momento da aplicação: CPF ou certidão de nascimento e comprovante de residência.
Importância
Na avaliação da infectologista Vanessa Santos, de Belém, a quantidade de crianças imunizadas contra as doenças no Pará em 2022 é considerada extremamente baixa e reforça a importância da vacinação. “Atingindo os índices de cobertura [vacinal] estipulados nas metas, estamos garantindo a proteção da população. Tanto a proteção individual, como a proteção coletiva. Quando o responsável leva sua criação para receber o imunizante ele está protegendo não só a sua criança, ele também protege a família, a comunidade do bairro, o município”, explica a médica.
“Na medida que outros estados também apontam fragilidade no alcance de suas coberturas vacinais e estamos tratando de dois vírus com transmissão facilitada por situações sanitárias e sociais comumente encontradas no nosso país, especialmente nas populações menos favorecidas. Esse cenário [de possível epidemia] é possível sim, e poderia ter complicações graves, com mortes e crianças com sequelas definitivas”, complementa.
Epidemia
No dia 26 de janeiro, em reportagem do Jornal Nacional sobre a nova etapa de vacinação contra a covid-19, o diretor do Departamento de Imunização e Doenças Imunopreveníveis, Éder Gatti, do Ministério da Saúde (MS), mencionou possível epidemia de poliomielite e sarampo.
“Temos risco de epidemias de poliomielite e sarampo. Faremos ações de vacinação nas escolas, como uma das estratégias, e combinaremos múltiplas estratégias para que possamos dar esta proteção, pois a baixa cobertura vacinal das crianças não diz respeito apenas à covid-19. Infelizmente ela está em cerca de 40%, por exemplo, para sarampo e poliomielite, um dos índices mais baixos da nossa história, desde o início do Programa Nacional de Imunização”, disse.
Alerta
Segundo a Sespa, uma baixa na cobertura vacinal acende um alerta para um risco do ressurgimento destas doenças. O aparecimento de um único caso de doença que está sob controle ou que está em estado de erradicação é considerado “surto”, já que coloca o vírus em circulação juntamente com uma população com baixa cobertura vacinal. A única forma de prevenção contra o sarampo é a vacina tríplice viral/dupla viral, e contra a poliomielite as vacinas VIP e VOP, todas disponíveis nas unidades de saúde.
A Sespa informou que assessora e estimula os municípios à intensificação da vacinação, sugerindo que sejam adotadas estratégias específicas para resgate de não vacinados. Entre as medidas da secretaria estão a mobilização, comunicação e infraestrutura necessária para garantir que a vacina chegue a toda a população com segurança e eficácia. O órgão informou, ainda, que a vacinação é executada pela Atenção Básica e Estratégia Saúde da Família dos municípios.
“É importante que a Vigilância epidemiológica do município esteja sempre ativa, realizando busca ativa em estabelecimento de saúde e em comunidade, para ter certeza de que não há circulação do vírus e alertando sobre os sintomas do sarampo e paralisia flácida/poliomielite”, detalhou a nota da Sespa.
O Ministério da Saúde divulgou no dia 31 de janeiro o cronograma do Programa Nacional de Vacinação para 2023. A intensificação da campanha de imunização contra a poliomielite e o sarampo está prevista para o mês de maio, com ações de multivacinação nas escolas, de acordo com o MS.
Fonte: Oliberal